sábado, 31 de janeiro de 2009

MEDITAR REEQUILIBRA A MENTE

Hoje, depois que a ciência ratificou que a meditação fortalece o organismo e reduz o stress, são milhões, no mundo, os que praticam a meditação. É recomendada para prevenir ou controlar a dor das enfermidades crônicas, doenças de qualquer natureza inclusive cardiovasculares, restabelecer o equilíbrio durante distúrbios psiquiátricos como a depressão, a hiper-atividade ou a falta de atenção, diz Daniel Goleman, autor de “Destructive Emotion”, um livro de “conversação entre o Dalai Lama e um grupo de neurólogos”.
Mas o resultado mais interessante é o que emerge dos estudos mais recentes, porque afirma que a meditação ativa a mente e revitaliza o cérebro.
Uma questão de interesse para a neurociência é saber como é ativado o cérebro dos budistas ou das demais pessoas sabias, felizes ou virtuosas, e de que forma se reflete no cérebro a felicidade, a serenidade ou afabilidade que tem origem na meditação. Estas respostas já começam a serem obtidas por intermédio da tomografia ou a ressonância magnética, e demonstraram que existem duas áreas principais envolvidas nas emoções, no humor e temperamento.
A amígdala - uma estrutura simétrica em forma de amêndoa situada no proencéfalo – e as regiões adjacentes, fazem parte de um sistema de alerta rápido que gerencia o medo, a ânsia e a surpresa, sendo provável que estas estruturas ainda estejam envolvidas em outras emoções fundamentais como a raiva. A segunda área compreende os lóbulos pré-frontais.
Estas pesquisas permitiram a alguns neurocientistas estudar o cérebro dos budistas, e entre eles, o Dr. Richard Davidson do laboratório da neurociência da Universidade de Wiscousin, EUA. Ele descobriu que os lóbulos pré-frontais esquerdos, dos budistas que praticam a meditação, ativam-se de forma constante e não só durante a pratica da meditação. É uma informação significante porque esta “atividade” nos lóbulos pré-frontais esquerdos indica emoções boas e bom humor, enquanto nos lóbulos pré-frontais direito indica emoções negativas.
Estas pesquisas, realizadas com os budistas de Dharamsala, na Índia, onde vive o Dalai Lama, demonstraram que estes seres são verdadeiramente felizes, e atrás desta felicidade os lóbulos pré-frontais esquerdos são sempre “acesos”.
Contudo, estes budistas não nascem felizes porque não é racional admitir que perfaçam um grupo biológico tão homogêneo a ponto de fazê-los nascer com o “gene” da felicidade, e que seja este que mantem ativos este lóbulos. Por conseguinte, a hipótese mais plausível é que exista alguma coisa nas praticas budistas que permita isso.
Em verdade, como já afirmamos, os monges tibetanos há milênios se habituaram a conviver com tudo o que a vida lhes dá, incluindo “os opostos” por mais opostos que sejam, e a sua história diz isso de muitas maneiras diferentes. Um exemplo é este provérbio: “Se o problema que está diante de ti possue solução, não se aflija. Mas não se angustie também se o problema é insolúvel, porque ao se aborrecer você cria um segundo problema”.
Mas quais são os efeitos da meditação budista sobre a amígdala e demais redes de neurônios do proencéfalo sub-cortical?
Através de Joseph LeDoux da Universidade de Nova Yorque, sabe-se que um individuo pode ser condicionado, através da amígdala e do tálamo, a se assustar até por coisas insignificantes, e sabe-se ainda que é extremamente difícil contrariar o que a amígdala “pensa ou sente” ao se utilizar tão somente o pensamento racional e consciente.
Alguns trabalhos preliminares evidenciam que a correta pratica meditativa “domesticaria” a amígdala. Paul Ekman, do centro medico da Universidade da Califórnia, em São Francisco, descobriu que quem medita não fica nervoso, não se agita e muito menos se surpreende como as demais pessoas com barulhos repentinos, mesmo se estes são provocados por armas de fogo.
Hoje, os antidepressivos são os fármacos utilizados para contrastar as emoções negativas, mas nenhum antidepressivo pode tornar uma pessoa feliz.
Mas, o que acontece ao meditar? Concentrando-se, o sujeito inibe vagarosamente seu “eu” material e expande o espiritual. Em outras palavras, apagando da mente as agitações do cotidiano - entendendo como tais tudo que o prende à matéria - focando a si mesmo, consegue mentalizar com facilidade que é parte integrante do universo. De fato, assim procedendo, na medida em que sua imagem corpórea desvanece, se consolida a do o espaço cósmico. A partir desse instante, segundo os grandes mestres, entrando-se em contato com a energia universal, a mente se energiza e polariza.
Aqueles que se iniciam na meditação (os que independentemente dos insucessos iniciais persistem), em poucos meses se perceberão menos tensos e constatarão que sua mente, costumeiramente excitada, relaxa, e que depois disso torna-se mais fácil mitigar as emoções positivas ou negativas que sejam.
Os insucessos iniciais são causados porque a mente, não estando habituada a se aquietar, mesmo com o corpo em repouso (é imprescindível sentar em local confortável e manter a coluna reta), vai continuar divagando: esgueira-se para cá e para lá movida pelas suas inquietações. É esse aspecto que deve ser vencido, mesmo com as dificuldades que existem, porque não é fácil azerar os pensamentos. Eliminado um eis que outro surge carregando as emoções que lhe são pertinentes, e assim sucessivamente, dando a idéia que é impossível detê-los. É esta “obediência mental” que consente ao indivíduo submergir em si mesmo.
Construir um cenário adequado facilita a tarefa: deve-se escolher um local acolhedor, escuro, enriquecendo-o com luz de velas, a flagrância do incenso preferido e por “sons da natureza” ou de violinos a partir de um CD, solicitando, ainda, que ninguém perturbe por 10 a 15 minutos. Esse tempo, logo, deve ser ampliado para 30 minutos ou até mais. Esta “paisagem” possui a atmosfera apropriada para “arrancar” o sujeito do ambiente carregado do quotidiano transportando-o para uma dimensão de equilíbrio e a paz.
Para que a “atmosfera” seja apropriada, é imprescindível também que o corpo físico, assim como a mente esteja bem. Por conseguinte, fome, excesso de alimentação, cigarro e bebida alcoólica são prejudiciais, assim como é prejudicial o cansaço excessivo, gripes, dores ou qualquer outro mal-estar.
Tempos depois se torna relativamente fácil meditar. Fácil a ponto de, independentemente de onde se está, para eliminar as tensões, recuperar o equilíbrio e aquietar a mente é suficiente fechar os olhos por alguns minutos e mentalizar o cenário em que se está acostumado a meditar.

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