sábado, 31 de janeiro de 2009

MAIS ESTOICISMO MENOS PROZAC

Mas, de que maneira o estoicismo pode substituir um antidepressivo? Bem, o aspecto mais importante do estoicismo é que a razão, dentro da sua lógica, pode facilitar o modo de viver de qualquer pessoa. Vamos ver, agora, como os dicionários explicam o que é a razão:
Raciocínio, faculdade pela qual o homem pode compreender, conhecer e julgar. Faculdade intelectual, considerada como norma de nossas ações. Bom senso, sabedoria. Direito, dever e equidade.
O máximo expoente deste processo é o pensamento que emana do intelecto, da razão ou da consciência, que independentemente do nome que lhe é dado, é a faculdade que distingue o ser humano de hoje, do animal que foi em seus primórdios.
Já o filosofo grego Aristóteles - 384-322 a.C. - fundador da lógica formal, dizia:
Através da razão podemos adquirir conhecimentos aplicando os silogismos, em outras palavras, aqueles raciocínios entrelaçados que partindo de duas ou mais premissas nos levam a uma única conclusão.
Está claro, agora, que se o homem não estiver demente, em outras palavras, se estiver de plena posse de suas faculdades intelectuais e mentais, possue o bom senso e a sabedoria apropriada para conhecer, analisar, julgar e compreender todos os fatos, independentemente de lhe serem favoráveis ou não, que permeiam sua vida, distinguindo entre eles os que resultam de suas atitudes - portanto de sua inteira e exclusiva responsabilidade, dos que são provocados por fenômenos ou fatores que estão fora da sua capacidade de controle. Estes, o homem deve saber prever e na medida do possível administrar, classificando-os a débito ou a credito no balancete de seus interesses pessoais, como faz com a receita e a despesas do mês, porque se assim não fizer, será por eles esmagado.
Alguns exemplos:
1)-Atendemos um jovem casal que ha um ano, mesmo continuando sob o mesmo teto, não se falava e muito menos partilhava a mesma cama. Haviam chegado sim a uma espécie de entendimento tácito, mas este dizia respeito à separação. O marido, por ter sido demitido e não ter conseguido outro emprego em onze meses, passara a beber, não só por estar desempregado, mas por não mais suportar ser sustentada pela esposa, uma professora que para fazer frente à situação, assumira em diferentes escolas uma carga horária que exigia, entre deslocamentos e aulas, que levantasse as cinco da manhã para só retornar ao lar 14 horas depois. Mesmo assim, se ao chegar em casa ousasse perguntar ao marido como havia sido seu dia, ou se tinha encontrado alguma oportunidade de trabalho, ele, interpretando as perguntas como cobrança, tornava-se violento.
Como os dois, com a terapia que lhe foi aplicada foram despido dos fluidos mentais desequilibrados que geravam com seus pensamentos - o verdadeiro motivo dos constantes conflitos – logo chegaram a conclusão que, como continuavam gostando um do outro, deviam dar a si mesmos uma segunda chance. Reencontrando a harmonia e a serenidade, os ingredientes que ajudaram o marido a parar de beber, e sem a bebida, a encontrar em pouco tempo um novo emprego, tudo voltou ao normal.
Perder o emprego, em qualquer parte do mundo, assim como no Brasil de trinta anos atrás, sempre foi um evento de certa forma corriqueiro, mesmo porque o trabalhador sempre teve a seu favor o direito de se demitir se o desejasse. O fato novo é que o desemprego, ou o medo dele, se transformou em um trauma nacional, um trauma ainda maior daquele que é causado pela violência que se estende praticamente em todas as grandes cidades do território nacional. No caso, contudo, era um problema ainda administrável, porque o marido só tinha 27 anos. Por não ser administrado como devia, o evento causou desequilíbrio, desequilíbrio esse que acabou abalando o bom relacionamento que até então existia entre marido e mulher. Com isso, ao invés de se “fortalecerem um no outro até passar a tempestade”, passaram a se agredir até que, sem se darem conta, chegaram à porta da separação. Uma versão semelhante da historia do banhista exímio nadador que morreu afogado não muito distante da praia: “diante de um fato inesperado” perdeu a calma. Assustado, perdeu o controle e se afogou.
2)-Atendemos um casal, cujo marido, com aproximadamente 65 anos e acima do peso, queixava-se de mal-estar e dores abdominais. A esposa, com idêntico sobrepeso, sofria de pressão arterial. Ao indagarmos se estavam sob tratamento medico responderam afirmativamente citando, alem disso, o nome dos remédios que estavam tomando. Os dois, mais acentuadamente o marido, tinhas disfunções orgânicas, disfunções estas que eram causadas pelo excesso de lipídios contidos nos alimentos. Depois de reequilibrar seus fluxos orgânicos, passamos a discutir a profilaxia necessária para que não houvesse recaída, porque o casal, assim como seus dois filhos adultos, tinham respectivamente por volta de 15 quilos de sobrepeso.
Esclarecidos a respeito da dieta que deveriam adotar, responderam que em verdade não ingeriam gorduras, porque há muitos anos haviam aprendido que excesso desta era prejudicial. A esposa disse mais, afirmou que a sua dieta era composta por muitas verduras, vegetais e que quase não comiam carne.
Como estas respostas baseiam-se sempre em padrões alimentares que obedecem à cultura nutricional da família (herança de mãe para filha), dificilmente são confiáveis, deste modo, reformulamos a pergunta: que tipo de óleo e outras gorduras a senhora utiliza na cozinha e quantas destas unidades são consumidas mensalmente? A resposta foi: cinco latas de óleo de soja, três margarinas de 500 gramas, uma maionese grande e aproximadamente 500 gramas de toucinho.
Quando dissemos que tendo em vista que os filhos não almoçavam em casa o consumo era excessivo, este deveria se limitar no máximo a uma, uma e meia garrafas de óleo e outra de azeite, preferencialmente extravirgem. E que um quilo de margarina era mais do que suficiente, dispensando a maionese e o toucinho, os dois se sentiram ofendidos e não voltaram mais. Contudo, como haviam sido indicados por um casal que vez ou outra nos procura, soubemos que aproximadamente oito meses depois o marido foi safenado, e que faleceu alguns meses depois devido a uma cirurgia para a desobstrução da aorta (a artéria principal que nasce na base do ventrículo esquerdo do coração e que é o tronco comum das artérias que levam o sangue oxigenado a todas as partes dói corpo). Na oportunidade os médicos constataram que a maioria das suas artérias estava prejudicada devido a placas de gordura. Hoje a esposa é hipertensa, obesa e diabética, males estes que também atingem seus filhos, e chora desesperadamente - a voz do remorso - porque não cuidou melhor do marido.
Infelizmente, o numero de donas de casa que tem uma cultura alimentar semelhante é incalculável, e são poucas as que demonstram parcimônia em relação ao uso de gorduras. Alias, basta permanecer na fila do açougue por algum tempo para constatar que a maioria pede para deixar a gordura na carne que estão adquirindo.
Durante o colóquio que mantivemos com este casal, como é nosso costume, solicitamos que nos fosse indicado a quantidade de óleo que era utilizado para preparar um copo de arroz, uma polenta com ½ quilo de fubá e quantas vezes por semanas utilizavam alimento frito. A resposta, repleta de orgulho como a que seria dada por um renomado chefe de cozinha, deixou claro o porque das enfermidades que grassavam no seio daquela família: ½ copo de óleo para o arroz, a mesma quantidade para a polenta, e praticamente todos os dias havia frituras: bife, filé de frango, batata frita, ovos frito, hambúrgueres, omelete etc. Nesse caso a razão, o principio inteligente, aquele que diferencia o homem do animal não foi utilizado, porque se assim fosse, há muito tempo teriam percebido o erro.
Por agirem irracionalmente, movidos exclusivamente por vícios alimentares, o marido foi levado ao tumulo muito antes da hora e, pelo andar da carruagem, se não houve mudanças drásticas, os demais familiares, se já não foram, estão chegando perto.

Quando se fala na evolução das espécies, não se deve entender que foi um meio pelo qual a natureza aprimorou, ao longo do tempo, os grupos - animais ou vegetais - que hoje vicejam ao redor do mundo, porque esta continua e continuará indefinitivamente a implementar aperfeiçoamentos em todas as formas de vida, ou a alterar no seu todo ou em parte, até que as construções celulares o permitam, todos os demais seres. Desta forma, no reino em que vivemos – hoje parcialmente envenenado porque o homem, para atingir seus discutíveis objetivos, não se importa dos meios que utiliza – sobreviver (mesmo com a medicina e seus fármacos), é uma tarefa muito mais difícil do que foi no passado, assim sendo, sobrevivem tão somente os seres, entre eles os homens - que melhor se adaptam ao ambiente em que vivem.
Como Charles Darwin afirmou – ratificado por aqueles que lhe seguem os passos - os seres vivos não surgiram prontos, na forma em que os conhecemos, sempre se modificaram, e em muitos casos se extinguiram. Ele, raciocinando inspirado pelas suas pesquisas, disse: Os animais – incluindo o homem - que descendem todos de um ser primordial - vivem numa luta continua pela sobrevivência e pela reprodução. Aqueles cujas características lhe permitem adaptar-se mais facilmente ao ambiente em que vivem, tem maiores chances de vencer a luta, fugindo dos “predadores”, encontrando o alimento adequado com maior facilidade e sobrepujando os rivais na arena de todas as disputas.
Estes vencedores, em verdade, através do permanente esforço para a superação dos desafios que lhe cerceiam a existência, transformam a si mesmos - física, mental e geneticamente - e assim sendo, transmitem aos seus descendentes seus aprimoramentos, que por sua vez os passam para as gerações seguintes. Todas as vezes que essas características são transmitidas, ocorrem pequenas mudanças, e a acumulação dessas alterações, no tempo, por um lado podem produzir novas espécies, e do outro, a sua aniquilação.
O homem, ainda hoje, persiste lutando pela sua sobrevivência, não que seja imprescindível, porque de uma forma ou de outra ele está inserido na sociedade, mas porque não aceita mais - por ter viciado seu próprio ego - viver sem manter ou ampliar o conforto que se acostumou a ter. É esse perpetuo e insano duelo, como se o mundo em que vive continuasse a ser a savana de outrora, que trás em si mesmo perigos que, por não saber avaliá-los, o surpreendem com situações para as quais não está preparado. Mesmo assim, continua dedicando a maior parte do seu tempo à vida profissional, esforçando-se na perseguição de “taxas de retorno” cada vez mais altas, reduzindo, na contra partida obrigatória, o tempo que dedica à família, ao lazer e, na mesma linha de responsabilidade, à alimentação.
No pretérito, no que diz respeito a estes quesitos, o homem destinava a maior parte do seu tempo à busca de alimento: se nutria-se de tubérculos, frutas, e só mais tarde implementou sua dieta com carne, porque à caça, para se tornar eficiente e desnudada dos riscos que lhe eram inerentes, exigiu o desenvolvimento de armas e estratégias cada vez mais aperfeiçoadas. Saciada a fome, a pele dos animais transformou-se em roupas e abrigos contra o frio. A gruta substituiu o asilo primário e no tempo, aperfeiçoando a habitabilidade, teve a entrada protegida por amontoados de pedras para resguardá-la do frio e dos predadores. Depois que o fogo foi dominado e controlado, a fogueira serviu para aquecer, iluminar, cozinhar e para afastar os perigos que eram representados pelos animais predadores.
Depois, com os minerais surgiu o sal, os metais, e com estes últimos às armas para caçar e guerrear. A gruta foi substituída pela casa de juncos, de madeira e terra, de tijolo, de cimento, concreto e com este, apartamentos nos arranha-céus.
Foi inventada a roda, a tração animal, o carro, a fabricação em serie... Bem, já passamos pela revolução industrial, pelo Paradigma Newtoniano-Cartesiano, o avião, o foguete a nave interplanetária, a lua e as estrelas. Neste percurso, só os mais fortes sobreviveram. Não os robustos de estrutura óssea ou massa muscular, mas os que, utilizando a razão, se acautelaram diante da precipitação, desviaram-se dos costumes temerários, fugiram dos riscos que ameaçam sua sobrevivência e, diante das opções que se materializaram, nem sempre escolheram as que melhor remuneravam, salvaguardado, desta forma, a própria integridade moral e física.
Mas entre os “fracos”, sinônimos de irracionalidade, quando tomavam conhecimento que fulano ou sicrano havia morrido de enfarte, derrame, ou por outra moléstia qualquer, coitado, diziam, ele não merecia isso. No entanto, como há sempre uma causa, foi essa que, por não ter sido evitada, provocou os efeitos que causaram a morte. Poucos se dão conta, que independentemente do órgão que a provocou: coração, pulmões, fígado, cérebro, pâncreas, rins etc.etc., a verdade é que a maioria dos que morrem sem ter ultrapassado a fronteira da ancianidade, prosseguem sendo vitimas da perene e inexorável seleção da natureza, porque, eliminando as imperfeições – as vitimas do stress são uma de suas formas – esta continua tão somente exercendo a tarefa de garantir a evolução das espécies.
As vitimas do stress, do álcool, do fumo, como as do transito ou da maioria dos demais acidentes, se não estiverem enfermas mentalmente, são pessoas que, mantendo a mente focada em “outros interesses”, agem automaticamente, ou seja, por impulsos irrefletidos, logo, não submisso ao crivo da razão. Equivalem ao desempenho de um sensor que, programado para uma determinada tarefa - por ser burro - a executa mesmo quando desnecessário. Por exemplo, quando destinado a fechar a capota de um conversível para evitar que a chuva molhe seu interior depois que por esta é molhado, procede se forma idêntica mesmo em um dia de intenso sol se sobre o sensor caírem algumas gotas do refrigerante que está sendo saboreado.
Estas necessidades imperiosas, melhor dizendo, impulsivas, levam certos indivíduos - hoje provavelmente a grande maioria – á pratica de atos que, por serem irrefletidos, são inconscientes, e por serem levianos, irresponsáveis. Em outras palavras, as pessoas se deixam levar por modismos, sejam eles vícios, esportes radicais, ou qualquer outro risco porque se tornaram incapacitadas a assumir compromissos, morais materiais que sejam, mesmo quando estes em contra partida habilitam enfermidades, são prejudiciais á saúde, ou até podem ser um atalho para a morte.
A razão, em outras palavras, a inteligência, o bom senso e o poder de discernimento que lhe é intrínseco, neste automatismo inconsciente que hoje move a humanidade, está merecendo nos tempos que correm a mesma atenção que é dada à TV sem controle remoto, ou o veiculo não está equipado com o trio elétrico, ar condicionado, direção hidráulica, cambio automático, vidros e trava elétrica, ou seja, nenhuma. O modernismo tornou o individuo tão preguiçosos intelectualmente que acabou por abrir mão do raciocínio.
Exemplos:
· João está irritado porque está atrasado para um compromisso, e para diminuir o prejuízo, dirige seu veiculo o mais rapidamente possível, mesmo se para fazer isso tem que desrespeitar leis de transito. Na sua frente está Alfredo que, por não conhecer aquela área, ao termino de cada quarteirão diminui a marcha do seu veiculo para tentar se situar. João, irritado, exasperando-se com as atitudes de Alfredo, começa a buzinar feito louco e xingar.
Ao perceber isso, Alfredo, também pavio curto, para o carro e desce para tirar satisfações.....Bem, o que será que imaginou João a respeito das atitudes do Alfredo? Tudo, menos à verdade.
· Mariana, gerente de marketing de uma divisão de uma multinacional, como a grande maioria assustada com a possibilidade de perder o emprego, tem a seu desfavor o resultado não tão favorável da ultima campanha promocional. Preocupada com este fato, avalia que seu diretor já não se relaciona com ela tão afavelmente como antes. Entretanto, tem com ele agendada uma reunião para o desenvolvimento de uma nova campanha. Na hora aprazada se apresenta para a reunião, mas o diretor, por estar atendendo o gerente de outra divisão, lhe pede para deixar a reunião para o dia seguinte. Ao deixar à sala ouve seu diretor dizer ao colega em voz baixa: você se sentiria confortável eu lhe entregasse a responsabilidade de toda a operação? Mariana retorna à sua sala pensativa e com os olhos marejados de lagrimas. Aflita, pega seu carro para ir almoçar, mas, enraivecida e mentalmente desequilibrada, ao dirigir sem cuidado abalroa outro veiculo.
Machucada, e ainda mais desesperada, é levada ao hospital. No dia seguinte seu diretor e alguns colegas vão visitá-la, e ao se despedir este lhe diz: Mariana, recupere-se rápido porque estamos atrasados em relação aos tempos para o planejamento da campanha de Natal! Bem, aquilo que Mariana pensava quando saiu para almoçar não é difícil de imaginar, contudo, estava completamente errada.
· Valeria, 27 anos e casada, a conhecemos durante o trabalho que realizamos todos os sábados à tarde em alguns bairros de São Paulo, e por “senti-la” grávida de uma menina, lhe dissemos isso. Sorrindo, afirmou que era impossível, porque sua ultima menstruação havia acontecido algumas semanas antes. Devido a nossa insistência se predispôs a fazer o exame correspondente trinta dias depois. Realizado, este confirmou sua gravidez. Quatro meses depois, no entanto, um sangramento inesperado a levou a procurar a ginecologista. Esta, depois dos exames rotineiros, a informou que havia abortado.
Valeria, desesperada, sem saber o que fazer, mas intimamente não aceitando o diagnostico, nos telefonou. Segundos depois tivemos a satisfação de lhe confirmar que, apesar do diagnostico, continuava grávida, que a menina estava bem mas que ela, a mãe, devia permanecer alguns dias em repouso. Percebendo que ela necessitava de outra confirmação, a aconselhamos procurar outra ginecologista. Dava para perceber, mesmo a distancia, que seu coração batia descompassadamente e que a pressão arterial estava acima do normal.
Quando voltou a nos telefonar alguns dias depois, sua alegria dispensava palavras. Mesmo assim, nos disse entre lagrimas de satisfação que a nova ginecologista que havia consultado ratificara quanto lhe havíamos dito. A menina nasceu, é normal, tem ótima saúde e de vez em quando a vemos para lhe dispensar os cuidados que a mãe julga necessários.
O que será que ela imaginou entre o diagnostico do aborto, a confirmação da gravidez feita por nos, e a ratificação da nossa afirmação pela outra ginecologista? Que cada um tire suas conclusões, entretanto, a sua condição de gravidez em nenhum momento foi alterada!
Nos três casos, e nas centenas de outros similares que diariamente disseminam o “gene” do stress, isso aconteceu porque não foi aplicado, filosoficamente falando, aquele velho ditado que diz: “vamos continuar o caminho, apesar da tempestade, sem nos preocupar, nesse momento, se a velha ponte que está la adiante continua transitável. Nos inquietaremos com ela, se for o caso, ao chegarmos lá.”
Retornando aos motivos pelos quais não queremos mais a TV sem controle remoto, e o carro sem os acessórios mencionados - mesmo se estes equipamentos nos satisfizeram plenamente no tempo em que estas tecnologias inexistiam - eles estão arraigados no vicio ao qual fomos arrastados pelo modernismo. De repente, tornou-se estressante ter que levantar do sofá para mudar de canal, girar a maçaneta para abrir ou fechar o vidro, dirigir suando, cansar os braços com a direção mecânica ou ter que travar a porta do carro manualmente, assim como ficou “fora de moda” ter que utilizar as faculdades mentais para, através do raciocínio, entender que não nos devemos preocupar - acima dos limites racionais, claro - com as pressões que são impingidas pelo meio ambiente em que vivemos, ou pelas atitudes daqueles que como nos o compartilham.
Será que um controle remoto para “ligar” a nossa razão ajudaria? Difícil dizer. Contudo, enquanto esta tecnologia não for disponibilizada, vamos analisar os efeitos perniciosos a que estamos sujeitos se não acionarmos a inteligência que possuímos para combatermos o stress.




Estágios
Alerta
Ao perceber um perigo real ou imaginário, o organismo se prepara para o confronto. Isso é feito com descargas extras de hormônios na corrente sangüínea.O principal deles é a adrenalina.
Crônico
Se o stress é permanente, o sistema imunológico entra em colapso, abrindo espaço para doenças oportunistas. Aumenta o risco de males cardíacos e danos as estruturas cerebrais.










Cérebro
Recebe doses mais altas de sub-stancias químicas excitatórias: seroto-nina, dopamina e noradrenalina. O pensamento e os reflexos são agu-çados e as pupilas se dilatam para melhorar a visão.
O excesso de cortisol destrói neu-rônios e prejudica o raciocínio. Também ocorrem lapsos de memória, surtos de raiva, alem da depressão e fadiga.









Cabelos
Ficam arrepiados. Isso faz os animais parecerem maiores e mais amea-çadores como quando vão brigar.


Coração
Os batimentos ficam até cinco vezes mais rápidos que o normal e a pressão arterial sobe.
Pode haver queda acentuada dos cabelos e escamação no couro cabeludo devido à falta de irrigação sanguínea.
Estimulado a trabalhar mais rápido corre o risco de enfartar.




















Respira-ção
Fica mais rápida para levar oxigênio extra ao sangue.
A respiração acelerada acaba por reduzir a entrada de ar. Pode agravar as crises de asma ou outras doenças respiratórias.









Fígado
Converte as reserva de açúcar em glicose, fornecendo energia extra ao organismo.
As doses extras de glicose no organismo aumentam o risco de diabete e obesidade.








Órgãos
sexuais
Os testículos e os órgãos genitais femininos se contraem com a redução da irrigação sanguínea.
Os níveis de testosterona caem tanto em homens como em mulheres, reduzindo a libido. Nas mulheres, a queda no nível de progesterona provoca cólica menstrual.








Glându-las supra-renais
Liberam cortisol, hormônio que ajuda a manter a força muscular, e adrenalina, que eleva os batimentos cardíacos e a pressão arterial.
O excesso de cortisol e adrenalina causa mau humor, ansiedade e irritabilidade.









Estoma-go e intestino
A digestão é interrompida, permitindo que o corpo dedique toda a energia aos músculos. A sensação de fome desaparece.
A mucosa do intestino fica vulnerável ao aparecimento de ulceras. O excesso de suco gástrico pode provocar gastrite.









Múscu-los
Recebem sangue e oxigênio acima do normal e se contraem para melhorar a performance durante a ação.
A tensão constante causa dores, principalmente no pescoço, costas e ombros e cansaço exagerado.














Pele
Como o sangue vai para outras partes do corpo, fica sem irrigação sanguínea e empalidece.
A falta de irrigação provoca irritação na pele, escamação e envelhecimento precoce.









Sistema imuno-lógico

Sistema circula-torio



Os linfócitos, células responsáveis pela defesa do organismo passam a produzir menos anticorpos.
Alguns vasos se contraem para reduzir a irrigação de órgãos não-vitais, como a pele e outras extremidades. É por isso que mãos e pés ficam frios.
Gripes, resfriados e outras doenças infecciosas se tornam freqüentes.
Os batimentos cardíacos acelerados e a pressão arterial elevada diminuem a elasticidade dos vasos sanguíneos, o que pode levar a doenças cardio-vasculares.








Fonte: revista Veja de 11 de fevereiro 2004

Veremos, de forma mais abrangente nos próximos capítulos, que as “consciências” que habitaram os corpos dos primeiros hominídeos, vencidas as etapas reencarnacionais que as trouxeram a nossa epoca - mais civilizadas devido as incontáveis experiências vividas ao longo dos séculos - são as mesmas que hoje, reencarnadas no homem contemporâneo, prosseguem sua jornada rumo a angelitude. Não poderia ser diferente, porque seja no espaço das artes, como das ciências, a obra do homem hoje atinge culminâncias que por si só demonstram que jamais poderiam ser o fruto do estudo e do aprimoramento profissional de algumas dezenas de anos de vida, mas da inclinação de almas virtuosas a se dedicarem, ao longo dos séculos, ao bem-estar de seus semelhantes.
Quem poderia ser Antônio Francisco Lisboa - 1730/1814 - chamado aleijadinho devido a enfermidade degenerativa que possuía, nascido filho ilegítimo do português Manuel Francisco Lisboa (autor da planta da igreja do Carmo da Vila Rica), com uma escrava negra, a não ser a reencarnação de Michelangelo Buonarroti - 1475/1564 – pintor, escultor, arquiteto e poeta italiano, cujas obras primas, entre elas “a Pietá”, enriquecem as paisagens de Roma!


La Pietá O Profeta Daniel
Michelangelo Buonarroti Antônio Francisco Lisboa

Conseqüentemente é a nossa consciência, a que permanece incólume e continua sua jornada mesmo quando os corpos nos quais reencarna retornam ao pó, que carrega em si mesma, ainda que inconscientemente, todo os conhecimentos que a enriqueceram ao longo dos milênios. Por assim ser, mesmo se na presente encarnação se viciou em possuir e usufruir os bens que o modernismo permite, no seu cerne, permanecem arquivadas, em estagio letárgico, as lembranças de todas as experiências que vivenciou no passado.


Essa é a eterna e imutável verdades que todos, mesmo os que afirmam que o homem nada mais é do que o mero produto de seus genes, terão que enfrentar algum tempo depois do seu ultimo suspiro.
São estas lembranças, cuja síntese veremos novamente a seguir, que devem ser despertadas para que suas verdades, inseridas no contesto da vida presente, levem o homem a se fortalecer para não sucumbir diante das tensões que o agridem, por não estar mais capacitado a conviver com as dualidades que sempre existiram e que permanecerão ainda por muitos séculos: noite e dia; frio e calor; tempestade e bonança, nascimento e morte; alegria e dor; amor e ódio, sucesso e insucesso e assim por diante. Mesmo porque, como tudo o que nasce deve morrer, ultrapassada a fronteira do tumulo, antes ou depois, crendo o não crendo, todos terão que voltar a se alimentar na fonte das verdades eternas.

Hinduismo: - “Deus, que só agracia aqueles que com seu próprio esforço souberam galgar os primeiros degraus da infindável escada de luz que leva até Ele”, permanece aguardando os que, infelizmente ainda uma grande parcela da humanidade, se recusam a ver e entender, enquanto na carne, que a essência da vida não é composta pelos valores materiais, mas os espirituais.
Um pouco mais adiante, porém, depois do túmulo que a todos aguarda, chega a verdade: Suave e amena como uma flor primaveril para os que se prepararam para ela, mas amarga e solitária para todos os demais.
A síntese, a suprema compreensão das escrituras, é que o mundo, as coisas que nos rodeiam, nossa própria vida, só tem um destino: o de amar a Deus acima de todas coisas, através de um amor incondicional que renuncia ao gozo dos sentidos e ao resultado das nossas ações.
As pessoas não necessitam deixar de fazer seus afazeres do dia a dia para tornarem-se devotos de Deus. O próprio Senhor Krishna diz no Bhagavad-gita, 3.9: A ação deve ser para Vishnu (espírito conservador do universo); de outro modo, ficas cativo do Karma (da ação) neste mundo. A ação atenta, assim associada, é perfeita, liberando-te. Se todas as ações forem feitas tendo em vista a satisfação do Supremo, então não haverá mais sofrimento.
”Os seres humanos ficam atados ao cativeiro do Karma das suas ações, a não ser que aquelas sejam feitas como um serviço desapegado (Seva, Yajna). Portanto, o Arjuna, torna-te livre do apego egocêntrico dos frutos do trabalho e faça as tuas obrigações eficientemente como um serviço a mim”.
Como se percebe, as ações direcionadas para o Senhor estão livres da reação do Karma, de modo que não é muito difícil entender que a razão do sofrimento está em agir de acordo com nossos desejos individuais porque são sempre egoístas.
Se for entendido que o nascimento e a morte são cíclicos, e o desejo de desfrutar as coisas que o mundo material oferece, é a razão do sofrimento, torna-se evidente que o livre arbítrio deve estar sempre voltado a agir de forma altruísta, portanto, sem outros interesses.

Budismo: - Siddharta Gautama, também conhecido como Shakya Muni, que nasceu em Kapitavasta ao sul do Nepal, com 29 anos, ao sair do seu palácio pela primeira vez, teve contato com um homem velho, um doente e um morto, isso o deixou desnorteado. Ao conhecer um monge (sannyasi), este lhe explicou que o que vira era natural, inevitável mesmo, porque fazia parte da vida dos homens. Siddharta ficou triste e preocupado, porque até aquele momento não tinha conhecido o sofrimento. Decidiu então descobrir o que devia ser feito para superar a dor.
Com este fim, submeteu-se a uma vida severa e ao jejum que o enfraquecem a ponto de quase morrer. Esta experiência lhe fez entender que a automortificação não era o caminho para a perfeição que procurava, e continuando a sua busca se transformou em um mercador errante. Segundo a tradição budista, uma noite, provavelmente por volta de 531 a.C, enquanto meditava deitado sob uma arvore na floresta Budhi Gaya, Siddharta é alcançado pela revelação - o estágio preliminar da iluminação - e desta forma conseguiu entender com clareza que a existência material é ilusória e que neste mundo tudo é transitório.
Ali mesmo, sob a árvore da Bodhi, Siddharta fez o voto para alcançar a iluminação total e para isso, por seis anos, adota a vida acética dos monges hindus e estuda o brâmane. Dotado de uma percepção aguçada e de um pragmatismo excepcional, depois de se dar conta que o hinduísmo e suas propostas estavam longe do alcance do entendimento do homem comum, compõe as quatro verdades nobres:
1) A dor existe e não somente permeia a existência humana, como a interpenetra.
2) A origem da dor está no desejo, nas paixões, e em especial no desejo de se livrar da dor.
3) A dor somente cessa quando o homem consegue superar o desejo.
4) O desejo só pode ser superado se o homem viver moderadamente de conformidade com o nobre caminho octogonal:
Percepção correta; Pensamento correto; Fala correta; Comportamento correto; Meio de vida correto; Esforço correto, Atenção correta e Concentração correta.
Aquele que viver segundo este caminho, evoluirá gradativamente até poder alcançar o “nirvana” que é uma espécie de extinção da dor do eu consciente, numa absorção final no Brahman, o todo.

Estoicismo: - Na Grécia, com o nome de estoicismo, desenvolveu-se um grande movimento filosófico fundado por Zenão de Cicio, que se manteve até o terceiro século d.C., reflorescendo na Roma dos Cezar. O estoicismo divide-se em três períodos:
A antiga Stoá, - III a II século a.C. - Cleante e Crisippo, seguindo os ensinamentos de seu mestre Zenão, fixam os pontos da doutrina stoica.
A media Stoá – II a I século a.C.- O estoicismo é contaminado pelo epicurismo, pelo neplatonismo e pelo pensamento oriental.
A nova Stoá – I a III século d.C. - É o período no qual o estoicismo se transforma na filosofia mais difundida entre os intelectuais romanos: Sêneca, o imperador Marcos Aurélio e o escravo Epíteto são os exemplos mais fortes. Nesta época, o estoicismo é restaurado e corrigido das contaminações que havia sofrido na fase anterior.
A origem do estoicismo é atribuída a Zenão, nascido em Cicio no ano de 333 a.C., perto da ilha de Cipro. Com 20 anos se transferiu para Atenas para freqüentar a academia platônica e ai fundou sua escola, cujos adeptos, reuniam-se sob um pórtico que continha uma pintura chamada “Stoá poikile”, nome que utilizou para promover sua doutrina.
A ele, aparentemente, porque seus testos foram perdidos, é atribuída a divisão da filosofia em lógica, física e ética, e o aspecto mais importante do estoicismo é a que a razão, dentro da sua lógica, pode facilitar o modo de viver de qualquer pessoa. Morreu no ano 264 a.C.
Lucio Anneo Sêneca nasceu em Córdoba, na Espanha, em 4 a.C. e morreu em Roma em 65 d.C. Foi preceptor de Nero, alem de seu conselheiro. No ano 62 se retirou da vida publica e três anos depois, acusado de traição, foi obrigado pelo imperador a se suicidar. Sêneca sempre foi cultor do estoicismo e a “Tranqüilidade da Alma”, uma das suas obras, exemplifica isso.
A crença fundamental do estoicismo é que tudo se mantem erguido através da razão. Para os estóicos, no cosmo nada é casual, porque tudo é dirigido por uma lei racional. Assim sendo, o inteiro curso do universo é perfeito e predeterminado, e tudo o que nele acontece, dá-se da forma que se dá, e não diferentemente, porque a lei racional que o controla determina que assim tem que ser.
Todos os fenômenos do mundo, por serem manifestações da lei racional, tem um fim que lhe é próprio, mesmo os que aparentemente são danosos ou inúteis. Desse modo às catástrofes, entre as quais os terremotos, são justificadas porque servem de expiação ou purificação a males do mundo. Desse pensamento, à atenção do estoicismo se volta para o conceito da lógica, lógica clássica que em épocas sucessivas, com a obra de Aristóteles, viria a formar o corpo lógico do próprio estoicismo. Portanto, para os estóicos, se cada aspecto obedece ao desenho do fato, então a liberdade do homem é só aparente.
A autentica liberdade do homem é a de aceitar o curso dos acontecimentos, em outras palavras, aceitar o destino como guia, e não como antagonista ao seu projeto de vida. Deste modo, pra os estóicos, a serenidade da alma só é possível seguindo o destino, uma vez que se contrapondo a ele - considerando que o que acontece independe da vontade do homem - só se chega ao patamar do sofrimento.
O sábio deve abster-se das paixões, deve contemplar o que acontece no mundo, no seu país, na sua cidade, no seu bairro ou na rua que diariamente percorre, como se fosse uma obra teatral que ele, como espectador, só pode observar sem poder intervir. Assim, não tomando partido em relação a nenhum destes aspectos, jamais vai se turbar ou se sentir agredido.
As paixões são um obstáculo para a vida feliz, porque levam o homem a desejar que se realize o que não pode se realizar, mesmo se o que ele deseja é algo factível aos outros. Todas as vezes que o homem deseja o que para ele é impossível, e não aceita o que efetivamente acontece, ele vai de encontro ao sofrimento. É por isso que o sábio não luta demasiadamente contra o que acontece a seu desfavor, mas o aceita por ser um capitulo do seu destino.
Um outro aspecto relevante do estoicismo é que, se o homem, em ultima analise, não pode lutar contra o seu destino, tem a obrigação de difundir os preceitos da doutrina estóica de forma a harmonizar as ações dos homens ao seu destino, para fortalecê-los diante dos “golpes” que eles chamam má sorte.
O escopo da vida, para os estóicos, é viver uma vida virtuosa, e a virtude é viver seguindo a trilha da razão. A felicidade está inserida na compreensão de que o homem é um ser racional que faz parte de um contesto racional que é o universo, e que só consegue a virtude ao compreender que as razões profundas da existência não são iguais para todos, porque estão ligadas a cada individuo de forma diferente.
Segundo Sêneca, é sábio aquele que age racionalmente e evita entregar-se as paixões, porque estas são a doença da alma. Isso é verdade porque a ira é uma delas, e quem se entrega a este sentimento perde a luz da razão e passa a cometer atos tão desastrosos como se estivesse louco.
De acordo com o seu parecer, o homem é tanto mais sábio quanto mais se da conta que é sempre necessário raciocinar para evitar as emoções. Este comportamento permite eliminar toda a gama de desilusões e dificuldade, que necessariamente o homem passional sempre encontra, porque este vive uma relação de conflito constante com a realidade, devido à excessiva grandeza de seus desejos.
A frustração é uma condição muito difundida, porque nasce do inevitável choque entre o que se deseja e a realidade que se consegue. De acordo com ele, as frustrações que melhor são suportadas são as que o homem se prepara para enfrentar. Desta forma, contar antecipadamente com uma realidade contrastante com o que se deseja é meio caminho andado. Se depois, pela razão que for, o sucesso é alcançado, muito melhor.
Para Sêneca, o destino do homem está na mão de uma força maior, força essa que decide autonomamente - segundo leis insondáveis - os eventos que o homem deve enfrentar. Substancialmente, os homens têm que entender que por mais que eles acreditem que podem driblar o destino, este de qualquer forma os golpeia no momento que quiser, especialmente depois de longos períodos felizes porque repletos de sucessos. Por esta razão, ninguém pode acreditar que tudo vai continuar bem só porque está vivendo um tempo de realizações. A própria morte, por não ter dia e hora agendada, pode acontecer, como inúmeras vezes acontece, nas horas menos impensadas.
Para combater a ansiedade, Sêneca pregava um remédio muito simples e pratico. Quando se tem a sensação, ou se prevê que alguma coisa de ruim pode acontecer, não adianta afligir-se, tem que se entender que, independentemente do que se quer, tem que se aceitar o que vai acontecer. Se o que vai acontecer é coisa ruim, esta é uma coisa só. Aquele que por não aceitá-la vai adoecer, está provocando a segunda coisa má, mesmo porque, enquanto os fatos acontecem, quem por eles é atingido pouco ou nada pode fazer.
Então o homem está totalmente na mão do destino? Não, segundo Sêneca, ele tem uma certa margem de ação, e esta margem é demonstrada por uma metáfora. “O homem é como um cachorro que tem uma das extremidades de uma corda de poucos metros amarrada ao seu pescoço, enquanto a outra extremidade está atada a uma carroça. O comprimento da corda lhe consente uma certa oportunidade de ação, mas continuamente terá que seguir a carreta em todos os seus deslocamentos se não quiser morrer enforcado”.
Moral da historia: o cachorro é o homem e a carreta o seu destino. Portanto, os que não seguem seu destino, propondo-se a combatê-lo frontalmente, jamais evitarão a catástrofe, porque a realidade é sempre muito mais forte de qualquer aspiração.

Evangelho de Maria: - “A matéria não tem nenhuma importância no mundo espiritual; vem do nada e ao nada volta: o que jamais existiu não terá existência. Existiu para um determinado fim, mas cumprida a missão é destruída em sua própria raiz”.
“O pecado do mundo não existe, a exceção daquele produzido pelo homem”. Eu vim com a finalidade de separar no homem o que é material daquilo que é espiritual, restituindo assim as duas naturezas as suas próprias raízes. Por isso que toda a matéria depois de nascer tem que morrer. É mais explicitamente diz: na mesma proporção que a matéria é necessária, é também danosa porque dela emana uma paixão que desequilibra o corpo.
“Todas as naturezas, todas as formações e todas as criações, subsistem uma na outra e uma com a outra, e serão novamente dissolvidas em suas próprias raízes, porque a natureza da matéria se dissolve tão somente na raiz da sua própria matéria”. Quem tem ouvidos para entender, entenda.
“Por este motivo o bem veio entre vos, na essência de cada natureza, para que seja restituída à sua própria raiz. E prossegue dizendo:” Por este motivo vocês adoecem e morrem, porque vocês amam aquilo que engana, ou seja, o que vos enganará. Quem consegue compreender, que compreenda. A matéria deu origem a uma “paixão sem igual”, que procede de alguma coisa que contraria a natureza, e isso causa uma desordem em todo o corpo. Por este motivo vos digo: coragem se estais aflitos, fazei-vos corajosos diante das múltiplas formas da natureza humana. Quem tem ouvido para ouvir que ouça.
Dito isso, Jesus se despediu dizendo: a paz esteja convosco, cuidai porem que ninguém vos engane com as palavras: vejam isso, vejam aquilo... O Filho do Homem em verdade está dentro de vos. Segui-o. Quem procura acha.
Estas são verdades eternas, e, enquanto quem as aplica no seu cotidiano, por não ser influenciado pelas frustrações, jamais é vitimado pelo Stress, os que passam a adotá-las, se estressados, são curados.

Por tradição, o horizonte profissional dos filósofos limita-se à sala de aula, à pesquisa acadêmica e à publicação de livros e artigos que poucos lêem. Pelo menos era assim, até que um grupo de americanos criou um novo ramo de atividade, o aconselhamento filosófico. Uma consulta custa em media 100 dólares, o mesmo valor de uma seção de psicoterapia. A atividade inclui a publicação de livros e palestras estilo auto-ajuda.
A principal estrela desse novo ramo da filosofia é o canadense Lou Marinoff, professor da City College de Nova York. Ele já foi palestrante no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, e seu livro “Mais Platão e menos Prozac” (uma droga antidepressiva), foi publicado em 20 países, entre eles o Brasil, onde já está na sexta edição e tem a apresentação de Paulo Coelho.
A essência desse tipo de aconselhamento está na aplicação de conceitos filosóficos para resolver problemas do cotidiano. É, de certa forma, um retorno às origens, pois era isso que Sócrates fazia na Grécia antiga.
“A maioria dos que nos procuram são uma espécie de refugiados da psicologia e da psiquiatria” define Marinoff. “Nossa vantagem é que a filosofia lida com as grandes questões da condição humana, como a persistência do sofrimento e a certeza da morte, sem bagunçar as emoções das pessoas”.
Psicólogos e psicanalistas vêem nisso uma concorrência desleal e advertem sobre o risco de um filosofo recomendar Heidegger para um paciente com depressão. A pratica popularizou-se nos Estados Unidos nos últimos cinco anos.
Na Europa, o suíço Alain de Botton, autor do livro “Consolações da filosofia”, usa idéias de Epicuro e Sêneca para discutir temas como a falta de dinheiro e frustração profissional. No Brasil, um grupo de filósofos clínicos oferece serviços de aconselhamento. Mas em nenhum outro lugar se chegou à escala americana.
Autor de “If Aristóteles Ran General Motors” (se Aristóteles dirigisse a General Motors) e “the New Sout of Business” (a Nova Alma dos Negócios), o ex-professor de filosofia Tom Morris cobra 30.000 dólares por palestra de uma hora. Dois professores da Universidade de Stanford, Ken Taylor e John Perry, tornaram-se celebridades com o programa de radio semanal “Philosophy Talk” (conversa Filosófica). No ar, discutem temas como “A mentira é sempre ruim?” Ou “Você gostaria de viver para sempre?”
Também na Califórnia o filosofo Cristopher McCullough especializou-se em cuidar de investidores falidos com o estouro da bolha digital há três anos. Ele usa princípios estóicos cunhados nos três séculos antes de Cristo para ensinar como é possível se manter sereno mesmo depois de grandes perdas materiais. “As pessoas preferem uma boa conversa intelectualizada a tratamentos contra a depressão ou ansiedade”, diz McCullough. “Sem o divã do psicanalista, sobra mais espaço para a diversão”.
Fonte: revista veja de 31 de março 2004

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